quinta-feira

Livre arbítrio

Maravilhoso e santo é o Senhor nosso Deus que nos liberta de tudo que nos prende, que nos livra de todos os males e que nos dá a graça de ser livres. E por falar nisso, tocamos num ponto que vai abrir a postagem de hoje: a liberdade de escolha, ou seja, o livre arbítrio. Existe realmente? O que podemos usar para aprovar ou negar? Quais as consequências dessa liberdade? 
Hoje vamos começar de forma diferente, respondendo a última pergunta e vamos, no contexto dessa postagem, respondendo as outras duas também. E nossa resposta será baseada na vida de duas pessoas, que numa situação semelhante fizeram escolhas que determinaram e influenciaram a humanidade, uma para um lado bom e outra para um lado ruim. E vamos entender o porque, baseado em dois versículos da Bíblia Sagrada que diz: "Uma árvore boa não dá frutos maus, uma árvore má não dá bom fruto. Porquanto cada árvore se conhece pelo seu fruto." (Lc 6,43-44)
Se você é uma pessoa que conhece e/ou gosta de história, ao bater os olhos nessa imagem acima, já deve ter percebido a respeito da vida de quem vamos refletir nessa primeira parte. Vamos direto a alguns pontos na vida dele que fazem-nos dar o título a essa postagem.
Martin Luther, nascido na Alemanhã, foi direcionado aos estudos pelo pai que gostaria que ele fosse um funcionário público para que melhorasse a situação financeira da família. Estudava, tocava alaúde (instrumento de cordas) e inscreveu-se na escola de Direito na universidade por vontade de sua mãe. Sua história como padre agostiniano começou quando numa tempestade, um raio caiu próximo do lugar onde ele estava passando. Então ele gritou: "Ajuda-me Sant´Ana! Eu me tornarei monge!" E pelo fato de que sobreviveu, ingressou na ordem de Santo Agostinho para tornar-se sacerdote. EIS UM GRANDE PROBLEMA QUE OCORRE HOJE AINDA: VOCAÇÃO É CHAMADO DE DEUS, É DEUS QUEM ESCOLHE, É DEUS QUEM SEPARA PARA UMA FUNÇÃO PARTICULAR, conforme está escrito em Hb 5,1 - "Em verdade, todo pontífice é escolhido entre os homens e constituído a favor dos homens como mediador nas coisas que dizem respeito a Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados" (em outras postagens refletiremos o tema vocação). Precisamos ter consciência disso!
E infelizmente irmãos queridos e irmãs queridas de Deus, quando damos passos errados na direção de Deus, sem conhecê-Lo, podemos assumir responsabilidades e cargos que não iremos aguentar por muito tempo, como no caso de um padre, religioso, etc. na Igreja Católica ou pastor, ancião, etc. em igrejas evangélicas, e outros nomes em denominações diversas. E depois tentamos arranjar desculpas para voltar atrás e nos desapegar dos compromissos que assumimos com Deus.
A palavra de Deus é clara: "Os dons e o chamado de Deus são irrevogáveis." (Rm 11,29) Ou seja, quando Deus nos dá um dom e nos chama, Ele não volta atrás. Não adianta dizer que Deus chamou ontem para exercer uma função ontem, e hoje Ele mudou o chamado. Nós é que damos bola fora, não queremos mais ser o que Deus quer e tentamos mentir para os homens que nos enganamos e não era isso, aquela conversa que já conhecemos. Mas a Deus nós não enganamos. ISSO É UMA GRANDE HERESIA QUE COMETEMOS!
As pessoas que são verdadeiramente chamadas por Deus devem continuar em sua missão até o fim da vida. Isso é uma certeza que temos de ter: Deus nos dá liberdade de aceitar ou não sua vontade! Ninguém é forçado a ser uma coisa que não queira ser ou cumprir um papel. Isso serve para os dois casos: quando a pessoa é chamada por Deus e não quer mais fazer a vontade do Senhor; e para a pessoa que não é chamada, que finge muito bem, e quando não aguenta mais fingir, dá uma de coitadinho e pelo seu contra-testemunho afasta muitas pessoas sérias e honestas da presença de Deus. TEMOS QUE TOMAR CUIDADO PARA NÃO FAZER ISSO!
Mas antes de ser ordenado sacerdote, os pais de Lutero disseram aos superiores da congregação: "Não permitam que nosso filho torne-se padre pois ele vai trazer problemas para a Igreja, ele é meio-atrapalhado, desequilibrado, não tem vocação para isso!" E mesmo com a advertência dos pais, Martinho Lutero foi ordenado sacerdote agostiniano em 1507. 
Do ponto de vista humano e teológico Martinho Lutero era um grande homem. Perito na filosofia que já tinha estudado antes e que aprofundou depois de tornar-se padre. Em 5 anos estudou o grego e o hebraico para entender a origem das palavras utilizadas na Bíblia, graduou-se em Estudos Bíblicos, tornou-se doutor em Teologia e recebeu o honroso título de "Doutor em Bíblia", foi nomeado vigário em sua ordem e tinha 11 monastérios sob sua responsabilidade. Era pregador e confessor na Igreja de Santa Maria na cidade alemã Wittenberg.
Do ponto de vista espiritual ele era um fracasso. Esforçava-se em realizar boas obras afim de agradar a Deus e servir ao próximo com muitas horas de oração diária. Dedicou-se à meditações, penitências, mortificações, jejuns, peregrinações e buscava em tudo imitar as práticas piedosas da congregação, mas sempre deparava-se com seus pecados e não conseguia obter êxito e dar passos positivos em sua espiritualidade. Em virtude disso foi orientado por seu superior a trabalhar mais e afastar-se um pouco de suas excessivas reflexões.
Diante dessas palavras expostas acima, temos uma outra passagem bíblica para nos orientar, escrita pelo grande São Paulo, que vai nos ajudar a entender, um pouco mais para frente o motivo dos absurdos que esse homem muito intelectual, porém pouco espiritual, cometeu:
"Ora, nós não recebemos o espírito do mundo, mas sim o Espírito que vem de Deus, que nos dá a conhecer as graças que Deus nos prodigalizou e que pregamos numa linguagem que nos foi ensinada não pela sabedoria humana, mas pelo Espírito, que exprime as coisas espirituais em termos espirituais.Mas o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, pois para ele são loucuras. Nem as pode compreender, porque é pelo Espírito que se devem ponderar. O homem espiritual, ao contrário, julga todas as coisas e não é julgado por ninguém. Por que quem conheceu o pensamento do Senhor, se abalançará a instruí-lo (Is 40,13)? Nós, porém, temos o pensamento de Cristo." (1Cor 2,12-16) 
Após muitas decepções e frustrações com uma viagem a Roma, Lutero deparou-se com um erro grave que os homens estavam cometendo dentro da Igreja: a venda das "indulgências" (tema que aprofundaremos em outras postagens). Levado por seu espírito racional, fez dois sermões contra esse tremendo engano dos homens, mesmo que tinham uma finalidade boa com essas vendas: a reforma da Igreja de Latrão (ou de São Pedro).
Mas eis um detalhe que nós cristãos precisamos entender: OS FINS NÃO JUSTICAM OS MEIOS, NUNCA! Não é porque você tem uma ídéia boa, que vai fazer algo para ajudar os pobres ou com uma finalidade santa que vai enganar as pessoas, passar os outros para trás, usar da boa fé das pessoas para alcançar seus objetivos. Isso é anti-cristão! E a falsidade, a desonestidade, a calúnia, a robalheira, a injustiça e a sem-vergonhice são filhas da mentira, ou seja, do demônio. Aqueles que as cometem estão se assemelhando a ele e trazem o inferno na terra. E ISSO TEM QUE SER DENUNCIADO (como refletimos em outras postagens) QUER AGRADE OU NÃO AGRADE AS PESSOAS!
Lutero partia de um princípio corretíssimo e estava denunciando a venda das indulgências. Mas ao invés de recorrer a oração e a busca da vontade de Deus, tomou a "livre iniciativa" de, partindo dessa discordância, fixar as 95 teses de coisas que discordava na Igreja, pregando um cartaz na porta da Igreja e queria uma audiência para discuti-las. Ele confundiu e misturou as coisas erradas que aconteciam, com o que acreditava, o que não acreditava e achava como deveriam ser. A partir daí começou uma grande briga entre o padre agostiniano e toda a Igreja.
Primeiramente ele queria apenas discutir. Depois partiu para o lado da ignorância e se levantou contra os padres, contra os sacramentos, contra as verdades de fé da Igreja, contra o papa, contra a própria congregação e os ensinamentos de Santo Agostinho e por fim, até mesmo contra os judeus. Veja se não são coisas de um homem com o pensamento racional que frustrado por não conseguir viver a espiritualidade, enxergava as coisas de Deus com olhos puramente humanos, e por não entender nada, começou a indagar tudo, até mesmo a palavra de Deus se era realmente inspiração de Deus. Começou julgando muitas coisas da Bíblia, que levou-o a crer que os apóstolos se enganaram quando escreveram algumas coisas e que tinha que interpretar a Bíblia do seu modo, não gostava da história de Jonas, de Ester, de Baruc, da epístola de São Tiago, o livro do Apocalipse. Foi com esse pensamento que mais para frente tirou sete livros da Bíblia, pois julgou que não eram livros inspirados (ou apócrifos).
Durante todo o período que viveu o conflito com a Igreja, até depois de ser excomungado, influenciar muitos padres a fazerem o mesmo que ele, quebrar os votos de castidade e casar-se, se impor contra tudo e contra todos, chegou numa conclusão sobre a vida de Cristo. Veja o que ele ensinava e que, com certeza, inspirou o filme "A última tentação de Cristo": 
"Cristo cometeu adultério pela primeira vez com a mulher da fonte, de que nos fala São João. Não se murmurava em torno dele: Que fez então com ela?, depois com Madalena, depois com a mulher adúltera, que ele absolveu tão levianamente. Assim Cristo, tão piedoso, também teve de fornicar antes de morrer."
Partindo disso, já dá para ter uma noção de onde esse homem foi capaz de chegar para defender suas ideias e ser o primeiro reformador protestante, que dividiu a Igreja Católica e pôs em dúvida "tudo" o que ela ensinava. Vamos tocar em alguns detalhes bem resumidamente da sua doutrina e expor as consequências da sua liberdade.
Ele incentivava e defendia a ideia que "TEMOS QUE SER PECADORES" pois Cristo morreu para nos salvar: "Seja um pecador, e deixe que os vossos pecados sejam fortes, mas deixe que vossa confiança em Cristo também seja forte, e nós glorificamos a Cristo que é a vitória sobre a morte, sobre o pecado e o mundo." Um absurdo!
Parece que o mundo já vive isso, e ele ajudou a incentivar entre os cristãos que não adianta nada coisas boas. Ele dizia com todas as letras que "FAZER O BEM É MAIS PERIGOSO QUE PECAR", pois não adianta nada boas obras para ganhar o Reino dos céus, o negócio é pecar e deixar que Jesus se ocupe dos pecados.
Para defender seu ponto de vista ele acrescentou a palavra "SOMENTE" em Rom 3,28 que diz que o homem é justificado pela fé. Portanto, não precisamos fazer nada; precisamos apenas de fé para chegar a salvação e agradar a Deus. Nada de amor aos irmãos, nada de boas obras, nada de conversão, nada nos é necessário. Por esse motivo conseguimos entender porque ele dizia que a epístola de São Tiago não era apostólica, pois está escrito que "a fé sem obras é morta" (cf. Tg 2,17). Percebemos bem a influência de Lutero no cristianismo de conveniência de hoje em dia, e porque não dizer anti-bíblico. Ele dizia que "O INDÍVIDUO CRISTÃO NÃO ESTÁ SUJEITO A NENHUMA AUTORIDADE", que "CAMPONESES MERECEM UM TRATAMENTO SEVERO", que "A POLIGAMIA É PERMITIDA", que a "BÍBLIA PODERIA SER MELHORADA". Não é de se espantar que ele tocou e questionou tudo o que podia para ajustar uma religião que fosse agradável de viver. Deus é que tem que se amoldar aos nossos gostos pessoais e não nós que temos que aceitar o que Deus quer!
Ele defendia a ideia de "O POVO JUDEU DEVE SER PERSEGUIDO": "Os judeus são demônios jovens condenados ao inferno". Que grande praga esse seu ensinamento, pois um jornalista nazista e o próprio Hitler dizia que Martinho Lutero era uma das suas três maiores influências e que Hitler não seria o que ele foi se não fosse a influência do seu admirado Lutero. Imagine agora toda a desgraça das guerras mundiais, dos campos de concentração, do nazismo e do assassinato de milhões de judeus... Quem abriu as portas do ódio, deu o primeiro passo e já ensinou em sua época o ódio e perseguição dos judeus? O pai da divisão das Igrejas, cujo retrato temos acima.
Foi uma maravilha Martinho Lutero ter traduzido a Bíblia para que todos tivessem acesso à palavra de Deus, por um lado. Por outro lado, foi uma grande desgraça ele ter ensinado e defendido a idéia de que cada pessoa, inspirada pelo Espírito Santo, pode interpretar a palavra de Deus, ou seja, a famosa "LIVRE INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA". Porque chamamos de desgraça? Porque desde a época de Lutero, das cinco igrejas fundadas (luterana, calvinista, anglicana, presbiteriana e metodista) hoje em dia temos mais de 50.000 igrejas protestantes diferentes, e o número cresce a cada dia.
Se analisarmos a palavra diabo, do latim diabolus, temos a tradução caluniador, acusador e também "aquele que se coloca entre", ou seja, o divisor. É claramente a imagem perfeita do demônio: aquele que separa, que divide, que desune. Uma vez que a vontade de Deus é nos unir, pois foi isso que Jesus pediu ao Pai: "Não rogo somente por eles [pelos discípulos], mas também por aqueles que por sua palavra hão de crer em mim. Para que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em Ti, para que também eles estejam em nós e o mundo creia que Tu me enviaste. Dei-lhes a glória que me deste, para que sejam um, como nós somos um, eu neles e Tu em mim, para que sejam PERFEITOS NA UNIDADE e o mundo reconheça que me enviaste e os amaste, como amaste a mim." (Jo 17,20-23) 
De forma alguma podemos aceitar que a livre interpretação da Bíblia é uma benção ou é a vontade de Deus. Veja as consequências disso: divisões, separações, dissociações, pois cada um entende da forma que lhe é agradável a palavra de Deus, rompe os vínculos com a igreja que frequentava e abre uma nova igreja. Há uma grande contradição e desunião no protestantismo!
Mas chegamos num último ponto. Martinho Lutero dizia: "O LIVRE ARBÍTRIO NÃO EXISTE". E dá para sabermos o porquê. O fundador da ordem que ele fazia parte, Santo Agostinho, escreveu um livro maravilhoso que defende exatamente o livre arbítrio, como graça, dom e presente de Deus para todas as criaturas, para os homens e para os anjos. Trazemos aqui duas frases que Lutero escreveu:
“No que diz respeito a Deus, e em tudo o que traz a salvação ou condenação, (o homem) não tem ‘livre arbítrio’, mas é um prisioneiro, cativo e escravo, quer da vontade de Deus, ou da vontade de Satanás. ” (Da redação, “Escravidão da Vontade”, “Martin Luther:.. As seleções de seus escritos, ed por Dillenberger, Anchor Books, 1962 p. 190)
“Nós fazemos tudo por necessidade, e nada pelo ‘livre arbítrio’, pois o poder de ‘livre arbítrio’ é nulo” (Ibid., p. 188.)

Enquanto que na Bíblia está escrito: "No princípio Deus criou o homem, e o entregou ao seu próprio juízo; deu-lhe ainda os mandamentos e os preceitos. Se quiseres guardar os mandamentos e praticar sempre fielmente o que é agradável (a Deus), eles te guardarão. Ele pôs diante de ti a água e o fogo: estende a mão para aquilo que desejares. A vida e a morte, o bem e o mal estão diante do homem; o que ele escolher, isso lhe será dado." (Eclo 15,14-18) 
Temos o livre arbítrio sim! E além de ter, somos quase forçados a escolher. Está nas nossas mãos. Reforçamos tal idéia com o livro do Deuteronômio: "Tomo hoje por testemunhas o céu e a terra contra vós: ponho diante de ti a vida e a morte; a benção e a maldição. Escolhe, pois, a vida, para que vivas com a tua posteridade, amando o Senhor, teu Deus, obedecendo à sua voz e permanecendo unido a Ele." (Dt 30,19-20) 
Sem sombra de dúvidas, esse homem tomou decisões que influenciaram e muito o futuro, tanto para o lado bom quanto para o lado ruim. Porquanto, ficamos com a palavra da Bíblia, e vemos os frutos de divisão, de ódio, de mágoa, de conveniência cristã que vem sendo gerados até hoje, em virtude de um ponto que não soube resolver, pois foi um homem natural que não recorreu ao poder da oração.
É claro que você já sabe o homem que temos nesse segundo exemplo. Vamos tomar alguns exemplos da sua vida, que são exatamente o oposto da vida de Martinho Lutero e também analisaremos as consequências da sua liberdade. 
Giovanni di Pietro (chamado Francisco, talvez pelas origens francesas de sua mãe) nasceu em uma família de posses, era popular na juventude, conhecido por sua indisciplina e extravagância, paixão pelas aventuras, pela cavalaria, pela moda, pelas bebidas, pelas mulheres e por sua liberalidade com o dinheiro. Sonhava tornar-se um herói, influenciado por um sonho que teve, onde tinha um palácio, uma donzela e muitas riquezas. Num certo dia, buscando a carreira das armas, teve um sonho em que uma voz lhe dizia para voltar para sua terra e lhe seria dito o que fazer.
Alguns dias depois, em uma algazarra com seus amigos, foi tocado pela presença de Deus e então ele começou a perder o interesse pelos seus hábitos de vida e a demonstrar interesse pelos necessitados. Numa outra vez ao invés de preparar-se para um festa, retirou-se com um amigo para refletir sobre seu desejo de obter o "tesouro da sabedoria" e tornar-se um religioso. Quando dizia isso em público era caçoado e tinha pesadelos com a vida religiosa.
Mais para frente, dois episódios mudaram completamente a vida desse homem fanfarrão, orgulhoso, rico, belo e "pegador das mulheres". Num dia em que passeava pelos campos em seu cavalo, deparou-se com um leproso tocando os sinos (que era a obrigação das pessoas que tinham lepra) e ao invés de fugir correndo, como sempre fazia, pelo nojo que tinha de pessoas assim, desceu do cavalo, cobriu o leproso com seu próprio manto, olhou nos olhos daquele homem e viu Cristo; e enquanto chorava, beijou o rosto do homem deformado. 
O segundo fato que fez-lhe tomar a decisão de seguir os passos de Cristo, foi uma experiência que teve na Igreja de São Damião, diante do crucifixo, de onde ouviu a voz de Jesus. "O que queres que
 eu faça, Senhor? -Vai e reconstrói a minha Igreja!" (lembra-nos a conversão de São Paulo em At 9). Diante disso começou tentando reformar aquela Igreja que ele estivera, mandando dinheiro para o padre, vendendo coisas da loja de seu pai. Diante disso foi preso no porão de casa pelo pai e o povo de Assis acusou-o de preguiçoso e desocupado. 
Depois que sua mãe libertou-o ele foi buscar ajuda do bispo, e seu pai acusou-o de dissipador de sua fortuna. Então ele tirou a roupa do corpo, renunciou à sua herança, pediu a benção do bispo e partiu para o a floresta, completamente nu, para iniciar uma vida de extrema pobreza. Nisso o bispo viu um sinal de Deus e protegeu-o até sua morte. QUE GESTO LOUCO ESSE JOVEM FOI CAPAZ DE FAZER POR AMOR A CRISTO! E você meu amigo e amiga que está lendo, já fez alguma loucura por amor a Jesus? Será que nós teríamos a mesma coragem de seguir um chamado tão radical de Deus?
Francisco tomou ao pé da letra o que ouvira de Cristo e começou a trabalhar de pedreiro, ajudando na reconstrução das Igrejas. Quando o homem é levado pelo seu espírito humano, não compreende a vontade de Deus, mas pelo fato de que buscou a Deus, o Senhor teve paciência com ele e também por sua perseverança e insistência em atender o chamado de Cristo, foi orientado na verdadeira vontade de Deus apra sua vida. Entendeu então que era para reconstruir de outra forma. "Os homens maus não compreendem o que é justo; os que buscam o Senhor tudo entendem." (Pv 28,5)
Em sua busca incessante e fome por Deus, Francisco começou a atrair pessoas para viver a radicalidade que ele estava vivendo, começando por Bernardo, Pietro e o irmão Giles. O Senhor lhe deu a conhecer o que ele tinha que fazer, e ele explicava aos irmãos que estavam com ele:
"No começo desta nossa vida vamos encontrar alguns frutos doces e deliciosos. Depois serão oferecidos outros de menor sabor e doçura. No fim, serão dados alguns cheios de amargor, de que não poderemos viver, porque sua acidez será intragável para todos, apesar da aparência de frutos belos e cheirosos. Entretanto, como vos disse, o Senhor fará de nós um grande povo"
Não é de nos admirar as semelhanças com a palavra de Deus, no livro do Apocalipse, em que um anjo oferece o livro a João que tem o gosto doce na boca e depois fica amargo no estômago (cf. Ap 10). Aliás, enquanto Martinho Lutero movido por seu orgulho e razão pensava que a Bíblia poderia ser melhorada, São Francisco de Assis, levado pela sua submissão, amor a Deus e oração, lia a Bíblia e começava a viver EXATAMENTE, ponto e vírgula, o que estava escrito. Em uma certa vez, estava na Igreja da Porciúncula e lendo uma passagem do Evangelho de Mateus, descobriu as linhas gerais que orientaram sua vocação e toda a congregação dos frades menores, ou franciscanos, que fundou:
"Por onde andardes, anunciai que o Reino dos céus está próximo.Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. Recebestes de graça, de graça dai! Não leveis nem ouro, nem prata, nem dinheiro em vossos cintos, nem mochila para a viagem, nem duas túnicas, nem calçados, nem bastão; pois o operário merece o seu sustento. Nas cidades ou aldeias onde entrardes, informai-vos se há alguém ali digno de vos receber; ficai ali até a vossa partida. Entrando numa casa, saudai-a: Paz a esta casa. Se aquela casa for digna, descerá sobre ela vossa paz; se, porém, não o for, vosso voto de paz retornará a vós." (Mt 10,7-13)
Enquanto Martinho Lutero, movido por sua liberdade dizia que Jesus tinha fornicado com ao menos três mulheres, Francisco queria imitar em tudo Jesus e na pobreza, na obediência e na castidade, os três votos sagrados [as três bolas de ouro que ele pode oferecer a Deus, quando teve uma experiência da bondade de Deus e da sua miséria] (que influenciaram todo o mundo religioso), encontrou a forma perfeita de fazer isso. Imitava a obediência plena que Jesus tinha ao Pai, buscando em tudo agradar ao Senhor; imitava a pobreza que Jesus viveu, pois Jesus mesmo dizia que não tinha nem onde reclinar a cabeça (cf. Mt 8,20) e a castidade do Filho de Deus, que não cometeu pecado sexual COISÍSSIMA NENHUMA! 
Quando Martinho Lutero separou-se da Igreja católica e começou a ditar os fundamentos da sua "nova" religião, foi motivado por suas próprias idéias, sua racionalidade, sua capacidade, sua intelectualidade, opondo-se aos valores católicos, aos valores da sociedade e aos valores bíblicos. Pelo fato de que São Francisco de Assis considerava-se um simples filho de Deus, quando foi escrever os fundamentos da sua congregação, começou a copiar o que estava escrito na Bíblia Sagrada.
Francisco não opôs-se ao papa, como fez Martinho Lutero, mas foi apresentar ao mesmo, que na época era Inocêncio III os fundamentos e doutrina da sua congregação. E o pior é que ele foi ridicularizado pela corte do papa, pois diziam que era impossível viver o que ele propunha. Mandaram-no pregar aos porcos. Sabe o que ele fez? Revoltou-se contra a Igreja e decidiu fundar uma nova Igreja? De forma alguma! Ele foi pregar para os porcos, num chiqueiro próximo dali. 
Nesse meio tempo, o papa teve um sonho que a Igreja de Latrão estava desabando, e um mendigo, um pobre religioso a estava sustentando. Com isso, aprovou a regra de vida dos franciscanos. Então houve alguns desentendimentos entre os irmãos, coisa natural que acontece quando algumas pessoas anseiam ao luxo e a riqueza (próprio do homem natural). Mas com Francisco a frente, sendo um homem de oração que amava a Jesus acima de todas as coisas, os desentendimentos foram resolvidos e a ordem dos franciscanos começou a crescer.
Um tempo depois, os franciscanos eram um número muito grande e não estavam cabendo apenas em uma cabana onde moravam. Foi nessa época que uma mulher foi influenciada pelo exemplo radical de vida desse grande homem de Deus: Clara d´Offreducci, aquela que tornou-se sua imitadora no amor a Deus e fundadora do ramo feminino dos Frades Menores, as Clarissas.
Francisco encontrou muitos problemas, dificuldades, tribulações, vontade de desistir, de abandonar tudo, de voltar atrás com o seu chamado, de inventar mil desculpas, mas ele não era um homem orgulhoso, mas humilde e zeloso por fazer a vontade de Deus. E se a vontade de Deus é que ele passasse por tudo isso, ele desejava ainda mais. Pois Jesus disse:
 "Em seguida, convocando a multidão juntamente com os seus discípulos, disse-lhes: Se alguém me quer seguir, renuncie-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Porque o que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas o que perder a sua vida por amor de mim e do Evangelho, salvá-la-a. Pois que aproveitará ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder a sua vida?" (Mc 8,34-35)
São Francisco de Assis é conhecido na história como um santo (em outras postagens aprofundaremos esse tema dos santos) que recebeu os estigmas de Cristo (as cinco chagas), protetor dos animais, por causa do seu amor por tudo o que Deus criou, considerando todas as coisas criadas irmãs e irmãos seus, cheio de alegria, na pobreza e no amor. Mesmo que ele não fosse agostiniano como Lutero, Ele viveu o que Santo Agostinho dizia: "O pecado é o motivo da sua tristeza. Deixa que a santidade seja o motivo da sua alegria!" ELE VERDADEIRAMENTE RECONSTRUIU A IGREJA, QUE SÓ ESTAVA DANDO VALOR AOS RICOS.
Com seu exemplo radical de vida, Francisco restaurou a vida religiosa, deixou para a sua época e para todo o mundo a forma como devemos fazer para resolver um problema, seja na Igreja ou em qualquer outro lugar quando vermos uma situação de caos, problema e dificuldade. Primeira coisa a fazer é buscar a Deus, é ter uma experiência com Ele, é buscar a sua vontade e fazer o que Deus lhe pede. O segredo é, mesmo tendo o livre arbítrio, entregar toda a nossa vontade e liberdade nas mãos de Deus, pois não sabemos o que fazer ou como fazer e deixar que o Senhor oriente nossa escolha.
Queridos e queridas de Deus, somos livres para fazer o que quisermos. Somos livres para seguir ou não seguir a Deus. Somos livres por Ele e com Ele. Porém, já sabemos que sem Ele somos escravos do pecado. Por que não, então, entregar toda a nossa liberdade em suas mãos e deixar que Ele nos mantenha livres, para não cairmos de novo na escravidão?
Para encerrar essa postagem, colocamos diante de você esses dois exemplos e dois questionamentos para você refletir: Com quem você quer aprender ou imitar para seguir a Jesus Cristo: Martinho Lutero ou São Francisco de Assis? Lembrando que Lutero é o grande exemplo de divisão até hoje. Quais os seus frutos? A DIVISÃO DOS CRISTÃOS, ATÉ MESMO ENTRE SI! Enquanto que Francisco é o grande exemplo de união até hoje. Quais os seus frutos? A UNIÃO DOS CRISTÃOS, PELAS VOCAÇÕES A VIDA RELIGIOSA OU SACERDOTAL QUE SÃO GERADAS ATÉ HOJE EM DIA!
E também: O que você vai fazer com sua liberdade a partir de hoje?
Livremente, convidamos você a fazer conosco a oração de São Francisco de Assis, para assumir um compromisso com Deus diante dessa postagem, colocando-se na presença de Deus.
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo:
"Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz! Onde houver ódio, que eu leve o amor; onde houver ofensa, que eu leve o perdão; onde houver discórdia, que eu leve a união; onde houver dúvida, que eu leve a fé; onde houver o erro, que eu leve a verdade; onde houver desespero, que eu leve a esperança; onde houver tristeza, que eu leve a alegria; onde houver trevas, que eu leve a luz. 
Ó Mestre, que eu procure mais... consolar que ser consolado, compreender que ser compreendido, amar que ser amado, pois é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado, e é morrendo que se vive para a vida eterna. 
Muito obrigado Senhor por tudo isso, que o Senhor me dê forças, ânimo e coragem para fazer a Tua vontade, para seguir os Teus passos, para Te buscar e viver conTigo, todos os dias da minha vida. Fortalece-me e faça de mim o que o Senhor quiser. Me coloco todo e inteiro em Tuas mãos. Louvado sejas Tu meu dulcíssimo rei, Deus e Senhor. Aleluia, Glórias a Ti Senhor. Amém."

Que Deus nos abençoe, nos leve a compreender a aceitar com amor e como um presente o maravilhoso livre arbítrio, e através dele, dar bons frutos para a glória do Senhor.