quinta-feira

Jejum, caminho de santidade

Para render glórias ao nosso Deus, nos consumir por amor a Jesus Cristo, dar mais liberdade à ação do Espírito Santo em nossas vidas, para caminhar de mãos dadas com a Virgem Maria, para nos deixar ajudar pelos arcanjos São Miguel, São Rafael e São Gabriel, para nos deixar iluminar pelo nosso Anjo da Guarda e em comunhão com a Igreja militante, gloriosa e padecente (tema que exploraremos em outras postagens) iniciamos essa postagem, em clima de churrasco.
Para aqueles que gostam de uma boa carne assada, de um maravilhoso churrasco, diante de uma imagem dessas ficam com água na boca. Talvez você é um desses, que como nós, já fica imaginando uma churrascaria para ir ou planeja fazer um churrasquinho em casa, com a família. Isso é bom demais; bom e santo.
Mas nosso foco hoje não é falar de churrasco ou alimentação, dar sugestões de churrascarias ou locais para comer uma boa comida, dar dicas para preparar uma refeição ou como organizar um almoço ou jantar. Nossos olhos hoje se voltam para o jejum como um caminho de santidade, deixando já no ar essa disposição: o jejum é um caminho que precisamos aprender a trilhar para caminhar com Jesus Cristo!
O que é jejum? Existem formas diferentes de fazê-lo? Para que fazer jejum? Eu preciso disso? O que precisamos ter claro em nossa mente para que o jejum dê frutos? Vamos a mil por hora para responder e nos aprofundar nesse tema para trilharmos o caminho de santidade que almejamos.
Depois de seis temas seguidos sobre a Santa Missa, decidimos nos aprofundar em mais temas, mas sem perder o foco de que o nosso Céu na Terra acontece sempre no mistério maior da nossa fé, o memorial da paixão do nosso Senhor. Sobretudo, o tema dessa noite e diversos temas que vamos expor aqui servem e devem abrir nossos olhos para viver cada vez melhor a Santa Missa. TUDO O QUE FIZERMOS É POUCO PERTO DO QUE PRECISAMOS MELHORAR.
A realidade é que as pessoas hoje estão loucas, alucinadas, entorpecidas por tudo o que há no mundo moderno, por todas as novidades, pelo bens materiais, pela tecnologia e os avanços em todas as áreas de conhecimento (menos na área espiritual, que sempre há retrocesso), pelas coisas exteriores, que muitos, até mesmo cristãos, deixam-se conduzir por essa onda avassaladora da sociedade. 
Ao contrário do mundo, em direção oposta, os que querem ser guiados pelo Espírito Santo precisam ouvir o apelo do Espírito Santo que veio da boca do primeiro papa, São Pedro, após a primeira pregação, depois que o Espírito Santo foi derramado pela primeira vez na face da Terra, em profusão:
"Pedro lhes respondeu: Arrependei-vos e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo. Pois a promessa é para vós, para vossos filhos e para todos os que ouvirem de longe o apelo do Senhor, nosso Deus. Ainda com muitas outras palavras exortava-os, dizendo: Salvai-vos do meio dessa geração perversa!" (At 2,38-40)
SALVAR-SE DO MEIO DESSA GERAÇÃO PERVERSA É UM APELO DO ESPÍRITO SANTO PARA TODOS OS QUE QUEREM SEGUIR A CRISTO. NÃO PODEMOS COMPACTUAR COM OS VALORES, COM OS PECADOS, COM AS LEIS E REGRAS DE MORTE, DE DESMORALIZAÇÃO, DE DESTRUIÇÃO DA FAMÍLIA, DE IDEOLOGIAS CONTRÁRIAS AO CRISTIANISMO QUE IMPERAM. PRECISAMOS SER A DIFERENÇA! TEMOS QUE REAGIR DE FORMA SANTA!
O papa Leão XIII disse que a audácia dos maus se alimenta da covardia e da omissão dos bons. É por isso que o discípulo São Lucas disse que os filhos deste mundo de trevas são mais prudentes do que os filhos da luz nos relacionamento com os irmãos (cf. Lc 16,8). Sabem aproveitar as situações e tirar o melhor proveito.
Ultimamente temos visto pessoas irem às ruas e em protestos, reivindicarem em lutas civis (pacíficas) por direitos melhores, pedindo uma melhor qualidade de saúde, educação, justiça social, etc. Engraçado como essas pessoas se unem e têm coragem de lutar por causas como essas, mas os cristãos, que são a religião que tem o maior número de adeptos em todo o mundo se cala, quando a minoria que governa o mundo, impõe um regime de pecado como regra de vida, até mesmo dentro das Igrejas.
Por que não organizam-se marchas e passeatas pelas ruas denunciando o pecado, lutando pela santidade, clamando a misericórdia de Deus, fazendo um apelo à conversão, como São Pedro o fez, bradando contra as mentiras desse sistema corrompido pelo pai da mentira (cf. Jo 8,44)? Porque a onda de molenguice toma conta do coração de muitos e muitos homens de Deus (acesse a postagem "Cristãos molengas").
Uma coisa é certa: aqueles que rezam, que mantém uma comunhão verdadeira com Deus, que acreditam no Reino de Deus (que está entre nós, mesmo em meio ao mistério da impiedade e da perversidade e sucesso dos maus, enquanto os bons perecem e sofrem injustiças), que aguardam a vinda gloriosa de Jesus, sabem que nosso lugar é o céu.
Por esse motivo, São Paulo dá a primeira instrução dessa postagem. Perceba a importância do tema que estamos tratando, pois ele compara a alimentação com o fato de sermos do céu:
"Porque há muitos por aí, de quem repetidas vezes vos tenho falado e agora o digo chorando, que se portam como inimigos da cruz de Cristo, cujo destino é a perdição, cujo deus é o ventre, para quem a própria ignomínia é causa de envaidecimento, e só têm prazer no que é terreno. Nós, porém, somos cidadãos dos céus. É de lá que ansiosamente esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará nosso mísero corpo, tornando-o semelhante ao seu corpo glorioso, em virtude do poder que tem de sujeitar a si toda criatura". (Fl 3,18-21)
AQUELES QUE SE PORTAM COMO INIMIGOS DA CRUZ DE CRISTO, TEM A PERDIÇÃO COMO DESTINO E SEU DEUS É O VENTRE. OU SEJA, SEU EMPENHO, FORÇA E ENERGIAS SÃO PARA ALIMENTAR-SE, COMER EXCESSIVAMENTE.
Que isso nos motive e nos leve a desejar aprofundar na importância do jejum, conhecê-lo, descobrir seus efeitos na nossa vida e ler essa postagem até o fim. Que ao final da postagem possamos fazer a opção radical de trocar (em alguns momentos da nossa vida) o que é oferecido na imagem acima pelo que está nessa abaixo, para crescermos na fé e darmos passos na direção do Senhor.
O primeiro, fundamental e principal exemplo que damos sobre jejum, que está nas Sagradas Escrituras, é o nosso próprio Senhor Jesus Cristo. Antes de iniciar sua vida pública e começar a pregar o Reino de Deus, mesmo depois de trinta anos no silêncio e oração, preparando-se, deixando-se conduzir pelo Espírito Santo, foi levado ao deserto e fez um profundo jejum:
"Em seguida, Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo demônio. Jejuou quarenta dias e quarenta noites. Depois, teve fome". (Mt 4,1-2)
Se você pensar um pouco nisso, a primeiro momento vai parecer um absurdo: O ESPÍRITO SANTO CONDUZIU JESUS AO DESERTO PARA SER TENTADO PELO DEMÔNIO!? (em outras postagens aprofundaremos esse tema).
Jesus jejuou durante quarenta dias e quarenta noites para abrir seu apostolado na Terra e começar a ensinar-nos todas as coisas. Mesmo sendo Deus, mesmo sendo Todo-Poderoso, Jesus quis nos mostrar a necessidade do jejum. Ele venceu o demônio porque conhecia bem a Palavra de Deus, mas esse conhecimento foi potencializado pela força do jejum.
Aqui já começamos respondendo a alguns questionamentos. O jejum é uma espécie de abstinência, de renúncia, de esquecer-se por um período, deixando de alimentar o corpo para alimentar com mais empenho a alma. É isso que dá forças na tomada de decisões, na luta contra o pecado, na coerência da fé. Ajuda-nos demais a ter autocontrole. Já comentamos em outras postagens que precisamos alimentar o corpo, a alma e o espírito.
Deixando de alimentar seu corpo por quarenta dias, nosso Senhor Jesus Cristo pôde ouvir com mais nitidez a voz do Pai. Não que ele não pudesse ouvir se não fizesse jejum, mas o jejum abre os ouvidos espirituais, dá sensibilidade, dá harmonia e sintonia com o que o Senhor fala.
Quando jejuamos nossa mente fica mais propensa para acolher as inspirações do Pai e rejeitar os conselhos do demônio. Nossos olhos podem fixar-se com mais facilidade naquilo que é do céu. Nosso corpo vai, aos poucos, deixando de ser um empecilho para uma comunhão mais perfeita com Deus.
Sabendo disso, sempre que os apóstolos tinham que tomar decisões importantes, eles sempre jejuavam e oravam, crendo que sua oração tornara-se mais eficaz, auxiliada pela força do jejum.
Veja um exemplo, de quando São Paulo, ainda chamado Saulo, foi enviado para uma obra com seu amigo de ministério, Barnabé:
"Havia então na Igreja de Antioquia profetas e doutores, entre eles Barnabé, Simão, apelidado o Negro, Lúcio de Cirene, Manaém, companheiro de infância do tetrarca Herodes, e Saulo. Enquanto celebravam o culto do Senhor, depois de terem jejuado, disse-lhes o Espírito Santo: Separai-me Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho destinado. Então, jejuando e orando, impuseram-lhes as mãos e os despediram". (At 13,1-3)
Perceba que o jejum era um costume e uma coisa comum dos apóstolos. Celebravam o culto do Senhor depois de terem jejuado. O Espírito Santo se manifestou e lhes pediu para separar Barnabé e Saulo enquanto louvavam a Deus (nosso tema No louvor Deus habita está quentinho para sair nas próximas postagens). O texto ainda dá ênfase ao jejum, dizendo que os apóstolos jejuaram e oraram para enviar os dois em missão.
Precisamos aprender com o exemplo dos discípulos, que cheios do Espírito Santo, realizaram as primeiras obras da Igreja nascente com toda autoridade e poder porque tinham o jejum como um bom costume para ouvir a Deus. O Espírito Santo fala e inspira aqueles que estão em jejum, porque os ouvidos ficam atentos ao sopro do Espírito.
Já partilhamos nas postagens sobre o Espírito Santo que essa terceira pessoa da Santíssima Trindade age continuamente e sua ação não para, mesmo que a gente não sinta. Nesse momento o Espírito de Deus está se manifestando nas nossas vidas e nós não percebemos, ou porque não aprendemos ainda a ouvir a voz de Deus (ou como Ele fala) ou porque não temos a sensibilidade que o jejum nos proporcionaria.
Vejamos o exemplo do sacerdote Esdras, que no caminho para a reconstrução de Jerusalém, com medo do que poderia acontecer em sua viagem, publicou um jejum. E temos mais um ensinamento do jejum, que não só nos ajuda a ouvir a Deus; mas Deus também nos ouve, porque é uma espécie de humilhação:
"Ali, perto do riacho Aava, publiquei um jejum a fim de nos humilharmos diante de nosso Deus e implorar dele uma feliz viagem, para nós, nossos filhos, e para todos os nossos haveres. Tive vergonha, com efeito, de pedir ao rei uma escolta e cavaleiros para nos proteger contra os inimigos durante o trajeto; porque havíamos dito ao rei: a mão de nosso Deus protege com sua bondade todos os que o procuram; mas sua força e sua cólera se fazem sentir em todos aqueles que o abandonam. Por isso jejuamos e invocamos o nosso Deus, e ele nos ouviu". (Es 8,21-23)
FAZEM JEJUM SOMENTE AQUELES QUE CONFIAM NO SENHOR. FAZEM JEJUM AQUELES QUE ACREDITAM NO DEUS QUE NOS FALA. FAZEM JEJUM AQUELES QUE SABEM QUE PRECISAM DE DEUS, QUE ELE OUVE AQUELES QUE SE HUMILHAM DIANTE DA SUA PRESENÇA.
Podemos fazer um jejum total, onde nos retiramos totalmente do comum do dia-a-dia para nos alimentar somente de pão e água, por exemplo, por um determinado período ou em dias fixos na semana. Existe o jejum parcial, que é altamente recomendado pela Santa Mãe e Mestra, a gloriosa Igreja Católica, para todas as pessoas, onde basta apenas cortar uma refeição (almoço ou jantar).
É claro que também podemos fazer jejum de doces, de refrigerantes, de salgados, de coisas que somos mais apegados. Nesse sentido, além do autodomínio o jejum nos proporciona a experiência do desapego (tema que refletimos na postagem "O desapego de quem é livre"). O profeta Daniel experimentou esse jejum de viver desapegado com essa maravilhosa prática do jejum. E tão breve recebeu uma visita do próprio São Miguel Arcanjo:
"Naquele tempo, eu, Daniel, fiz penitência durante três semanas. Não provei alimento delicado algum: não passou em minha boca nem carne nem vinho; não me ungi de óleo absolutamente durante o transcurso dessas três semanas.(...) Não temas, Daniel, disse-me, porque desde o primeiro dia em que aplicaste teu espírito a compreender, e em que te humilhaste diante de teu Deus, tua oração foi ouvida, e é por isso que eu vim". (Dn 10,2-3.12)
O arcanjo São Miguel disse que desde o primeiro dia que Daniel começou a fazer esse jejum (penitência), a sua oração foi ouvida. Na Igreja, esse jejum de Daniel é bastante conhecido e divulgado, e pode ser uma boa opção para aqueles que estão começando na vida de jejum e de penitência. Temos que fazer a experiência para conhecer como é e como Deus nos fala.
O jejum pode ser feito de várias formas, de acordo com o estado de vida, com a saúde, com as condições para isso. Mas o importante é pensarmos que é uma boa prática, um maravilhoso costume, uma verdadeira graça santificante, um meio pelo qual as portas do mundo espiritual se abrem para que nós possamos enxergar com mais nitidez, apalpando aquilo que sempre acontece ao nosso redor mas não percebemos.
O mundo espiritual pode ser retratado como um espelho, que está todo embaçado. São Paulo usa uma linguagem semelhante a essa, onde entendemos que ele fala exatamente disso.
"Hoje vemos como por um espelho, confusamente; mas então veremos face a face. Hoje conheço em parte; mas então conhecerei totalmente, como eu sou conhecido". (1Cor 13,12)
Nós vemos confusamente por um espelho porque não somos pessoas espirituais, porque não avançamos e não progredimos na fé. Muitos dos cristãos não passam de crianças na fé. Não crescem nunca, não alimentam sua alma, não dão valor as coisas do seu espírito. Contentam-se com experiências fracas e fingidas. Pessoas assim nunca vão poder ser usadas por Deus.
Deus precisa de gente ousada que tenha coragem de renegar-se a si mesmo, que tenha autodomínio e possa dar-se inteira e completamente a Ele. O Senhor quer pessoas que estejam com os ouvidos sensíveis a sua voz, com os olhos espirituais aprimorados (para não parar na margem, mas para olhar o coração como Ele faz) com o coração aberto, com o espírito em sintonia com Seu Espírito, com uma boa e pronta disposição para lhe obedecer. 
Quem não não tem equilíbrio, quem não consegue resistir diante de um churrasco, diante de um banquete, diante de uma tentação no campo da alimentação, jamais conseguirá resistir a outras tentações piores. O pecado da gula é apenas o primeiro dos sete pecados capitais, mas ele dá origem a uma cadeia de outros pecados que fazem com que alguém nunca deseje o leite espiritual e nem experimente quão suave é o Senhor (cf. 1Pd 2,2-3).
O padre Paulo Ricardo de Azevedo tem um livro maravilhoso chamado 'Um olhar que cura', que recomendamos que você adquira e alimente a sua alma, onde ele trata os três primeiros pecados capitais, dizendo que cada um dos pecados pode ser combatido com uma virtude. Especialmente nesse livro ele cita as virtudes de Cristo quando resistiu ao demônio no deserto.
Como é maravilhoso progredir na fé, abrir o coração para entender e acolher a vontade de Deus e aplicar o espírito para cumprir aquilo que o Senhor quer de nós. Esse mundo maluco que nós vivemos é contra o jejum quando falamos que temos um propósito com Deus e queremos ter uma vida de santidade. Só favorece aqueles que estão em jejum pelo corpo, para emagrecer e para ficar mais bonito. Não há mais valores espirituais no mundo moderno!
Pelo fato de que todos nós precisamos fazer jejum, se quisermos caminhar e continuar caminhando com Cristo, porque quem não jejua começa no espírito mas termina na carne (cf. Gl 3,3) porque não paga o preço necessário com suas atitudes (cf. 1Cor 4,20) para que o Reino de Deus seja manifestado (não que sejamos nós que façamos o Reino de Deus acontecer, mas quando ouvimos o Senhor, colaboramos para que isso aconteça), é de extrema importância que os cristãos tenham uma vida de jejum.
Aqui chegamos num ponto essencial dessa postagem. Precisamos trilhar o caminho do jejum, pois ele é um caminho de santidade, ele nos ajuda a permanecer na santidade, ele nos ensina a caminhar em santidade. Quando alguém toma a decisão de ter uma vida de jejum (que significa que o jejum não vai ser uma coisa apenas para as épocas que a Igreja pede, como a quaresma), sua vida espiritual floresce, ela desenvolve-se continuamente como pessoa, seu crescimento não para, mesmo nos problemas e nas dificuldades.
Há muitos cristãos que nunca fazem e nunca fizeram jejum na vida, a não ser por obrigação. Isso não deve nos assustar, mas deve nos alertar, porque olhando a vida desses tantos e tantas, homens e mulheres de Deus, que eram para ser pessoas experimentadas, sábias, cheias do Espírito Santo e da graça de Deus (mas que são molengas e mornos) temos que aprender e fazer o oposto do que eles fazem, para que o mundo seja melhor.
Mas para que o jejum dê frutos em nossa vida, precisamos ter claro em nossa mente que o essencial é termos um propósito com Deus para que melhoremos. Temos que melhorar em todas as áreas de nossa vida, sendo melhores cidadãos, melhores pais, mães, filhos, padres, religiosos(as), profissionais, cristãos. Se o jejum não produz frutos de conversão e de transformação em nossa vida, certamente foi porque não tivemos nenhum propósito.
O profeta Isaías proclamava os oráculos do Senhor com toda a autoridade porque era um profeta que não tinha respeito humano (em outras postagens aprofundaremos esse tema). Num dos capítulos do seu livro, além do convite que faz para que todos sejam profetas (que é o carisma de todo batizado, chamado a ser sacerdote, profeta e rei), há uma recomendação de Deus que ele profere para fazermos o verdadeiro jejum que dá frutos.
"De que serve jejuar, se com isso não vos importais? E mortificar-nos, se nisso não prestais atenção? É que no dia de vosso jejum, só cuidais de vossos negócios, e oprimis todos os vossos operários. Passais vosso jejum em disputas e altercações, ferindo com o punho o pobre. Não é jejuando assim que fareis chegar lá em cima vossa voz. O jejum que me agrada porventura consiste em o homem mortificar-se por um dia? Curvar a cabeça como um junco, deitar sobre o saco e a cinza? Podeis chamar isso um jejum, um dia agradável ao Senhor? Sabeis qual é o jejum que eu aprecio? - diz o Senhor Deus: É romper as cadeias injustas, desatar as cordas do jugo, mandar embora livres os oprimidos, e quebrar toda espécie de jugo. É repartir seu alimento com o esfaimado, dar abrigo aos infelizes sem asilo, vestir os maltrapilhos, em lugar de desviar-se de seu semelhante. Então tua luz surgirá como a aurora, e tuas feridas não tardarão a cicatrizar-se; tua justiça caminhará diante de ti, e a glória do Senhor seguirá na tua retaguarda. Então às tuas invocações, o Senhor responderá, e a teus gritos dirá: Eis-me aqui! Se expulsares de tua casa toda a opressão, os gestos malévolos e as más conversações; se deres do teu pão ao faminto, se alimentares os pobres, tua luz levantar-se-á na escuridão, e tua noite resplandecerá como o dia pleno. O Senhor te guiará constantemente, alimentar-te-á no árido deserto, renovará teu vigor. Serás como um jardim bem irrigado, como uma fonte de águas inesgotáveis. Reerguerás as ruínas antigas, reedificarás sobre os alicerces seculares; chamar-te-ão o reparador de brechas, o restaurador das moradias em ruínas. Se te abstiveres de calcar aos pés o sábado, de cuidar de teus negócios no dia que me é consagrado, se achares o sábado um dia maravilhoso, se achares respeitável o dia consagrado ao Senhor, se tu o venerares não seguindo os teus caminhos, não te entregando às tuas ocupações e às conversações, então encontrarás tua felicidade no Senhor: eu te farei galgar as alturas da terra, e gozar a herança de Jacó, teu pai; porque a boca do Senhor falou". (Is 58,3-14)
Que com esse exemplo e com tantos benefícios, prometidos pelo próprio Deus, nós possamos assumir um compromisso com o Senhor e começar a ter uma vida de jejum (caso não tenhamos) ou progredir e melhorar a forma como jejuamos, para que alcancemos os frutos desse empenho dos santos:
"Senhor Jesus, na tua presença santa quero me propor hoje a fazer o verdadeiro jejum. Entendi como é uma coisa necessária e indispensável para todos aqueles que querem te seguir e permanecer na Tua presença, ouvindo a Tua voz, em sintonia com as batidas do Teu coração, sendo verdadeiramente íntimo do Senhor. É isso que eu quero para a minha vida. É isso que eu desejo para ser liberto de todo falso cristianismo que eu tenho vivido.
Por isso derrama sobre mim o Teu Espírito e enche-me de renovado vigor para que eu faça um autêntico propósito de sair da carne e adentrar no mundo espiritual. Eu quero ter meus olhos espirituais abertos. Eu quero ser curado de toda hipocrisia pelo qual tantas vezes eu julgo e condeno as pessoas com meu olhar. Eu quero ser curado de toda imagem errada, negativa, pornográfica, imunda que já passou pelos meus olhos. Dai-me força Senhor, pelo mover do Teu Espírito em mim, agora, para romper com todo pecado e todo vício dos meus olhos. Ajuda-me Senhor. 
Santifica meus ouvidos, cura de toda palavra perniciosa, de toda praga que foi lançada contra a minha vida e eu acolhi, cura-me de toda maldição que foi lançada contra o meu presente e o meu futuro, aquelas que eu tive a infelicidade de ouvir e aquelas que eu não ouvi. Liberta-me de todo mal e toda impureza que eu já alimentei a minha vida, para que eu seja uma nova criatura em Cristo. Peço perdão por todas as vezes que eu ouvi a Tua Palavra Senhor, e que ela entrou por um ouvido e saiu pelo outro. Eu quero aprender a ouvi-lá com atenção e guarda-lá no coração.
Toca minha boca e purifica de toda palavra triste, maldita, incoerente, de condenação, de palavrão, de malícia, de menosprezo de meus irmãos, sem refletir, sem pensar, sem olhar para mim mesmo. Liberta-me de todo espírito de fofoca, de palavras sujas, de piadas impuras e de coisas que não convém. Eu quero ter meus lábios puros, uma boca santa para glorificar ao Senhor e não para me perder em minhas próprias palavras.
Enfim, Pai glorioso e amado, quero pedir que o Senhor toque e transforme o meu coração, renove a minha mente, liberte o meu espírito de toda pressão, opressão e depressão. Renova-me com Teu imenso amor e dai-me a graça de ser refeito. Tudo o que o pecado já destruiu em mim e foi me fazendo ficar cada vez menos a tua imagem e tendo mais a semelhança do demônio. Renova o meu eu interior e faz de mim aquilo que Tu queres, meu Deus e rei. Abro-me ao teu poder, e pelas graças que o Senhor vai derramar sobre a minha vida, pela prática de jejum que assumo hoje contigo, quero ser santo.
Muito obrigado pelo seu amor infinito e eterno, que como um Pai, sempre me perdoa, me acolhe e me dá vida em abundância. Obrigado Jesus por me amar tanto e me renovar nesse momento. Glórias a Ti Espírito Santo por me encher com tua presença e colocar em mim o fogo da Tua glória. Aleluia. Tu és bendito, meu Senhor e meu Deus e eu te adoro com toda a minha alma, com todo o meu coração, com todo o meu ser. Bendito sejas Tu Senhor, para sempre. Teu louvor estará sempre em minha boca. Amém".
Recomendamos a você assistir um vídeo do professor Felipe Aquino, que ele explica num período da quaresma, para selar essa postagem, refletindo em tudo o que aprendemos e para aplicarmos em nossa vida "A prática do jejum": http://www.youtube.com/watch?v=_tv5TN3gQsk
"Quando jejuardes, não tomeis um ar triste como os hipócritas, que mostram um semblante abatido para manifestar aos homens que jejuam. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa. Quando jejuares, perfuma a tua cabeça e lava o teu rosto. Assim, não parecerá aos homens que jejuas, mas somente a teu Pai que está presente ao oculto; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á". (Mt 6,16-18)

Que possamos assumir um propósito de através do jejum, que é um meio e não um fim, caminhar em santidade, como é a vontade do Senhor. Com a canção "Em santidade" do ministério Adoração e vida, que possa arder no nosso interior o desejo de sermos santos e arrebatar o céu com nossa vida de santidade, apressando a vida do Senhor: http://www.youtube.com/watch?v=hT9hyFUsFT4

Que Deus nos abençoe e nos ensine a trilhar o caminho de santidade que o jejum proporciona.